ALDEIAS

Sarzedas

tejo-ocreza
Tejo-OcrezaSarzedas
Sarzedas
sarzedas, castelo branco
Uma aldeia na charneca. Sarzedas é a única Aldeia do Xisto que teve um título nobiliárquico atribuído. Atualmente, a torre sineira serve de miradouro para a aldeia e para a charneca que a envolve.

Sarzedas distingue-se pelos traços de cor que lhe marcam as fachadas das casas rebocadas a caminho da Fonte da Vila. Antiga Vila e sede de Concelho, o seu Pelourinho, o Largo, as Igrejas e Capelas, sobressaem numa malha urbana com casas de belo traçado e volumes grandiosos, que atestam a presença marcante da História.

No Alto de São Jacinto, junto à Igreja Matriz, o Campanário com a sua Torre Sineira – que ficou da antiga Igreja sobre Outeiro – ergue-se solitário sobre a aldeia. Está-se bem aqui, neste espaço de leitura moderna, a pensar na história deste lugar cujo povoamento se deve a D. Gil Sanches.

  • território

    A aldeia de Sarzedas insere-se no concelho de Castelo Branco (18 km), região da Beira Interior Sul que compreende a parcela do território da Beira Baixa situada na “zona raiana”, tendo por limites, a Norte, a serra da Gardunha e, a Sul, o rio Tejo. Está situada à beira daquela que foi, desde o séc. XVIII e até grande parte do séc. XX, a principal estrada de Castelo Branco para Proença-a-Nova, Sertã, Abrantes/Lisboa e Coimbra.

    Nem nas montanhas, nem sem elas. Sarzedas foi implantada na paisagem da charneca, como que ainda ameaçada pelas alturas da Serra do Muradal. Geologicamente a zona corresponde a depósitos recentes, não sendo, por isso, estranho ter por aqui existido exploração de barros e uma cerâmica que produzia os respectivos produtos derivados. A aldeia estende-se numa zona de maiores elevações, dominando o território envolvente.

  • natureza

    Nem nas montanhas, nem sem elas. Sarzedas foi implantada na paisagem da charneca, como que ainda ameaçada pelas alturas da Serra do Muradal. Geologicamente a zona corresponde a depósitos recentes, não sendo, por isso, estranho ter por aqui existido exploração de barros e uma cerâmica que produzia os respetivos produtos derivados. A aldeia estende-se numa zona de maiores elevações, dominando o território envolvente.

  • história e estórias

    No final do séc. XIX, na encosta leste da aldeia, foi levantada pelo arado de um lavrador uma pedra de xisto com uma inscrição. Esta foi transcrita mas, muito lamentavelmente, a pedra partiu-se e perdeu-se. A transcrição, recentemente estudada, indica ter-se tratado de uma lápide funerária, com uma inscrição em latim, datável do séc. I. É, por isso, um testemunho da presença do domínio romano no espaço desta aldeia. O povoado deveria ter continuado a existir, mas as brumas da História não nos permitem ver essas épocas antigas com mais clareza.

    Para Sarzedas a História documentada começa em 1210, quando D. Sancho I (reinado: 1185-1211), com o cognome O Povoador, solicita ao concelho da Covilhã, um herdamento (uma herança) dentro do seu termo para o monarca entregar ao seu filho bastardo, D. Gil Sanches e ao clérigo fidalgo, D. Paio Pais, seu arcediago. O concelho da Covilhã - que tinha recebido o seu foral do mesmo rei em 1186 - responde: "Eu o alcaide e nós os alcades do concelho da Covilhã vimos as cartas do senhor rei Sancho, noas quais nos mandava pedir um herdamento com terras para seu filho D. Gil Sanches e para Pero Pais, devendo ambos possuí-lo ao meio. Demo-lo como o senhor rei manda, para que povoem, criem e lavrem, e sejam reconhecidos por moradores dentro do termo da Covilhã." A Covilhã cedeu o território de Sarzedas e D. Gil Sanches foi Senhor de Sarzedas conjuntamente com Paio Pais, concedendo-lhe foral* em 1212, segundo os costumes da Covilhã, para a restaurar e povoar.

    D. Afonso II (reinado: 1211-1223), por carta régia datada de 1220, confirma esta doação. É provável que, decorrente destes actos, Sarzedas tenha visto construir no Alto de S. Jacinto uma qualquer estrutura acastelada, da qual não resta qualquer vestígio. Em 1512 D. Manuel I confirma-lhe o foral, o que terá levado à edificação do pelourinho. Por esta época já Sarzedas era domínio dos Senhores de Sarzedas e Fermosa (Sobreira Formosa). A partir de 1630 - por carta régia de Filipe III - e até 1748, foi domínio dos Condes de Sarzedas, título que passou por nove titulares e que terminou com a morte da última condessa por não ter sucessores directos. A partir desta data a vila de Sarzedas e o seu termo foram integrados nos bens da Coroa. Em 1762 - com Portugal envolvido na Guerra dos Sete Anos, por se ter recusado a tomar parte na luta contra os seus velhos aliados ingleses - o País foi invadido pelos exércitos franco-espanhóis. Sarzedas foi ocupada, tendo sido aqui que o general invasor, o espanhol Conde de Aranha, estabeleceu o seu quartel.

    No início do séc. XIX Sarzedas sofre novamente os horrores da guerra, quando Napoleão decide invadir Portugal.  A 22 de Novembro de 1807 a Divisão Loison entrou em Sarzedas. A lista de crimes, saques, incêndios e roubos dá uma triste celebridade à povoação: entre outras atrocidades e sacrilégios destruíram o interior e bens da Igreja Matriz. De novo em 06 de Julho de 1808 passam  por Sarzedas as tropas napoleónicas arrombando e despojando a igreja matriz, tal como em 1807. Em 1846 o povo amotinado invadiu o edifício dos paços do concelho e retirou e queimou toda a documentação que lá se encontrava. Perdeu-se, então, parte da história desta terra. Em 1848, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, o concelho foi extinto.

    Em meados do séc. passado, Orlando Ribeiro descreveu assim Sarzedas:
    "A povoação consta, pode dizer-se, de duas ruas, ladeadas de pobres casas de andar, que levam à igreja matriz, edificada num alto. O xisto das paredes está à mostra, em placas sobrepostas, pedra quási aparelhada pela natureza para a tosca arquitectura rural. A caiação é luxo pouco em voga na charneca e a vilazinha mostra-se num tom castanho, tristonho e feio."
    in “Guia de Portugal - Beira Litoral, Beira Baixa, Beira Alta” (1944)

    Em 2012, Sarzedas comemorou 800 anos do seu primeiro foral e 500 anos do foral manuelino.

    *Foral: Documento medieval que estabelecia os direitos e deveres dos moradores de uma dada localidade.

    A origem do nome
    O nome variou ao longo dos séculos: Sarzedas no séc. XIV, Cerzedas no séc. XV, Cercedas no séc. XVII. Numa das versões do "Portugalliae" de Fernando Alvaro Seco, datado de 1600 – tido como umas das primeiras representações cartográficas da totalidade do território continental português – encontramos Sarzeda na localização da atual povoação. A origem da palavra "Sarzedas" tem origem botânica, provavelmente radicada ou no étimo "quercus", que significa carvalho, ou no termo "Cereceda", lugar onde proliferam cerejeiras ou cerdeiras.

    Condes de Sarzedas
    O título criado em 1630, por Filipe III, foi utilizado por vários titulares, não sendo possível indicar qual o seu nível de presença na povoação, se é que ocorreu. O título foi antecedido pelo dos Senhores de Sarzedas e Fermosa, provavelmente mais estreitamente ligados ao local. Os Condes de Sarzedas tiveram a sua moradia no Palácio da Palhavã, em Lisboa, edifício actualmente ocupado pela embaixada de Espanha. Sarzedas é a única Aldeia do Xisto que teve um título nobiliárquico atribuído.

    D. Gil Sanches
    (1202/1203 - 1236)
    Filho bastardo de D. Sancho I, foi criado em Vila do Conde e por herança de seu pai, foi Senhor de Sarzedas aos sete anos, com a atribuição de ser responsável pelo seu povoamento. Quando adulto, parece que manteve relação de maior proximidade com Sarzedas e o seu termo. No “Livro Velho de Linhagens” (c. 1290) é tido como um clérigo muito honrado na Península Ibérica. Como trovador medieval deixou uma poesia trovadoresca de sabor popular sobre a sua amada, enquadrável na fase inicial do Cancioneiro Galaico-Português.

    Noite de S. João
    Em Sarzedas, na fogueira da noite de S. João queima-se somente o perfumado rosmaninho que no dia 24 de Julho é colhido nos campos. À meia-noite desse dia, ao som da última badalada do sino, as raparigas partiam um ovo que colocavam num copo cheio de água. Na manhã seguinte antes de nascer o sol, eram examinadas as formas caprichosas que o ovo tomava. Interpretavam então essas formas como sendo semelhantes a qualquer instrumento, objeto ou ferramenta de ofício ligado ao futuro noivo.

  • património

    O material de construção predominante é o xisto. Nas fachadas e muros não rebocadas verificamos que o aparelho de xisto integra - tal como em outras Aldeias do Xisto - calhau rolado de tons claros, de quartzo leitoso ou quartzito. Nalguns casos também taipa. O granito é frequentemente utilizado em alguns vãos (ombreiras, padieiras, soleiras e peitoris). A grande maioria das fachadas encontra-se rebocada e pintada, nalguns casos utilizando cores garridas em decorações características da Beira Baixa.

    Merecem destaque:

    • Pelourinho
    • Igreja Matriz
    • Torre Sineira
    • Capela da Misericórdia
    • Fonte da Vila
    • Capela de São Pedro
      Datada de 1603. Templo de linhas muito simples. No interior conserva uma imagem do padroeiro.
    • Capela de Santo António
      Pequeno templo de planta rectangular, orientado a poente. Portal de ombreiras rectas e padieira ligeiramente curvado. Pequena janela à direita e óculo por cima do portal. Sineirita moderna.
  • festividades
    • Festa de Santo António, a 13 de junho
    • Festa de São Pedro, a 29 de junho
    • Festa Popular, no segundo fim-de-semana de agosto
    • Festa da Padroeira N. Sr.ª da Conceição, a 8 de dezembro
  • produtos
    • Hortícolas
    • Azeitona e azeite
    • Filhós
  • como chegar

    Coordenadas GPS: GPS: 39º51’00’’N; 7º41’07’’O. Altitude: 400 m.

    De Norte e de Sul
    Na A1 sair na direção Torres Novas/Abrantes (A23), na direção Abrantes. Seguir pela A23, até à Saída de Castelo Branco (Centro) / Sarzedas; na rotunda, seguir a indicação de Sarzedas.

    Sarzedas dista 18 km de Castelo Branco.
    Situada à beira daquela que foi - desde o séc. XVIII e até grande parte do séc. XX - a principal estrada de Castelo Branco para Proença-a-Nova, Sertã, Abrantes/Lisboa e Coimbra.

    Outras Informações:
    Na aldeia existe um painel informativo sobre

    • O PR3 CTB - Caminho do Xisto de Sarzedas, em frente ao edifício da Junta de Freguesia.
  • nome dos habitantes
    sarzedenses
  • padroeiro
    nossa senhora da conceição
  • ex libris
    torre sineira

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PR3 CTB - Caminho do Xisto de Sarzedas - Nos poços mineiros
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Centro Cyclin'Portugal de Sarzedas (P21 - Verde)
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