Sobral de São Miguel é um povoado muito antigo, como atestam os inúmeros vestígios de arte rupestre. A origem desta aldeia remonta à era romana e esteve sempre associada às antigas rotas comerciais. Existem indícios de minas mouriscas que apontam igualmente para uma vivência árabe, comprovada pelas lendas narradas pela população mais idosa. Aqui conta-se que o Sobral foi povoado por guardadores de porcos que vinham temporariamente com as suas varas para engordar com a bolota dos sobreiros. Como o Sobral era uma área atravessada por caravanas de mercadores que faziam as trocas comerciais entre o litoral e o centro da Península, começaram por construir abrigos, juntamente com as poucas casas já existentes dos guardadores de porcos. As primeiras casas foram construídas ao longo da ribeira, mais ou menos à frente de uma capela em honra de São Miguel (padroeiro da aldeia) que anos mais tarde deu lugar à atual Igreja Matriz.
Na documentação histórica conhecida, a aldeia é mencionada pela primeira vez num documento datado de 1284, das Inquirições de D. Dinis. No “Diccionario Chorographico” (1878) aparece referenciada como Sobral, estando localizada na estrada entre Castelo Branco e Arganil. Em 1888, a freguesia autonomizou-se de Casegas, adoptando a designação “Sobral de Casegas” que alterou, em 1970, para a atual, em tributo ao padroeiro. Nas décadas de 1930/1940, a aldeia beneficiou da procura internacional de volfrâmio que era explorado nas Minas da Panasqueira e em muitos outros locais da Serra do Açor.
O nome "Sobral" deriva do termo latino suberale que significa mata de sobreiros ou terreno onde crescem sobreiros. Assim, no local da aldeia ou nas suas proximidades existiria uma área significativa de sobreiros ou uns quantos sobreiros de porte notável. O que ainda hoje acontece.
A origem do nome
Sobral deriva do termo latino suberale que significa mata de sobreiros ou terreno onde crescem sobreiros. Assim, aquando da fundação da aldeia, na sua envolvente esta árvore seria abundante ou existiriam umas quantas de porte notável. O que ainda hoje acontece.
No tempo do saltipilha
Viver nestes montes e vales nunca foi fácil. Abrir o baú da memória dos habitantes mais idosos é fazer nascer lágrimas no seu olhar. Relatam-nos um filme a preto e branco em que são atores de caminhadas até à Covilhã, descalços, com um saco de carvão à cabeça ou às costas. Atores numa refeição em que uma sardinha seca era repartida por cinco irmãos. Um tio a partir para um qualquer canto do Mundo, depois o pai, depois os irmãos, e os dias da ausência sem regresso que nalguns casos duraram o resto da vida. Ou o saltipilha, aquela azáfama de mãos de homens, mulheres e crianças que remexiam os calhaus nas escombreiras ou nos córregos que descem das Minas da Panasqueira, à cata de umas pedras com minério que se poderiam ter libertado dos trabalhos da lavaria. Cesto cheio e vai de procurar quem compre, que o pouco que dava sempre era melhor que nada ter.