Os vestígios de muralhas, o que resta de um castro pré-romano, testemunham a antiguidade da atividade humana do povoamento. Os romanos também por aqui passaram, sendo prova disso a calçada romana que se localiza fora da aldeia e que serve de ligação a Avô e também algumas moedas que se encontraram nas zonas próximas da povoação e no castro.
O estatuto da aldeia sofreu uma evolução quando, em 1543, o Bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida, a autonomizou de Avô. Contudo, o estatuto sofreu uma regressão e, em 1594, voltou a estar novamente anexa a Santa Maria de Avô, adquirindo de novo a autonomia em 1602/1603, que nunca mais perdeu. A 24 de dezembro de 1812, a iluminação pública chega à aldeia. Os candeeiros funcionavam a carbureto. E quando, na década de 1860, a indústria dos fósforos se iniciou em Portugal, a Aldeia das Dez assumiu um papel de relevo: em 1890, existiam na aldeia duas ou três fábricas, que empregavam cerca de 50 operários. Uma das fábricas ainda existe e foi convertida em habitação privada, não visitável. Até 1899, ano em que foi concluída a estrada municipal que a liga à Ponte das Três Entradas, Aldeia das Dez era uma povoação que vivia quase isolada.
A origem do nome
No “Cadastro da população do Reino (1527)” consta no termo da vila de Avô a existência do então denominado lugar dalldea onde viviam 49 moradores. Terá sido entre o século XVI e os séculos mais recentes que “das Dez” foi acrescentado ao nome da povoação, não se tendo prova documentada do motivo. Entre as várias hipóteses, parece ser plausível a sua evolução a partir de “Aldeia dos Diez” com base no apelido (Diez = Dias) usual na região à época do seu povoamento.
Origem do nome, segundo a lenda
Reza a lenda que, no tempo da reconquista, dez mulheres terão encontrado um tesouro numa caverna do monte Colcurinho. De que tesouro se tratava, nada se sabe. Talvez fosse algo imaterial. As dez mulheres terão dividido entre si o tesouro, sob compromisso de não o revelarem. Segredo que tem passado de geração para geração.
A indústria dos fósforos
Com o início da indústria dos fósforos em Portugal na década de 1860, Aldeia das Dez assumiu um papel de relevo. Em 1890, existiam na aldeia duas ou três fábricas - “Serra da Estrela”, “Francisco Antunes do Amaral” - que ocupavam cerca de 50 operários. O monopólio, que veio a ser estabelecido em 1895 em favor da Companhia Portuguesa de Fósforos, liquidou esta atividade na aldeia. Uma das fábricas foi reconvertida em fábrica de lanifícios, que também produziu cobertores. Ainda subsiste o edifício (século XIX) dessa unidade, convertida em habitação particular, não visitável.
Rua dos Entalhadores
Em Aldeia das Dez, ainda existe esta rua, por ter sido terra de entalhadores dotados de grande qualidade artística. No altar-mor da Igreja Matriz da Aldeia do Xisto da Benfeita, encontramos um trabalho do entalhador José Tavares, de Aldeia das Dez, correspondendo a um original setecentista. Aqui, na Igreja matriz, o mesmo entalhador, executou uma tribuna que é uma peça notável do seu ofício. A pintura da peça apenas utilizou óleo, para que a tinta não escondesse os pormenores do trabalho. Na aldeia, existe também a Rua dos Douradores.
Acidente aéreo
No dia 15 de abril de 1953, despenhou-se um caça da Força Aérea Portuguesa em Aldeia das Dez. Era a segunda vez, em poucos dias, que o piloto efetuava exercícios aéreos sobre a aldeia. Nas manobras acrobáticas que naquele dia estava a executar, algo correu mal. O caça embateu numa árvore, depois numa casa e despenhou-se junto à aldeia. O piloto teve morte imediata. O seu nome era Alfredo José. E era natural de Aldeia das Dez.